É via de regra para hoteleiros conhecer o perfil do viajante das gerações X, Y e Z. Resumidamente, a Geração X são os nascidos durante a Ditadura Militar. Os Y, de 1986 a 1995. Os viajantes Z, a partir de 1996.
Também podemos classificar os Baby Boomers, nascidos no final e pós Segunda Guerra Mundial. Mas neste artigo vamos focar no perfil do viajante das gerações X, Y e Z.
Apesar de não podermos definir com 100% de assertividade cada viajante, podemos notar algumas tendências. Por exemplo, os Millennials (Y) viajam mais vezes durante o ano, normalmente para relaxar.
Em contrapartida, a Geração Z viaja menos, mas o tempo de duração é alto, de acordo com levantamento da Expedia.
Porque não existe um consenso para o perfil do viajante? A verdade é que n fatores vão influenciar seu comportamento, dentre os quais renda, cultura, idade e localidade.
A maturidade digital de um país, por exemplo, também é um fator. A forma com que o viajante pesquisa por hospedagens depende do dispositivo que está acessando, onde encontra as informações e quais seus referenciais.
Portanto, pensar no perfil do viajante é um exercício numa perspectiva macro. A seguir, vou separar algumas características marcantes para cada perfil do viajante.
A geração dos viajantes aventureiros
A Geração Z, nascidos ao final da década de 90 e começo dos anos 2000, tendem a tirar férias em grupo, entre amigos ou ao menos com um familiar. As atividades buscadas no destino são mais dinâmicas, como esportes radicais, safáris, trilhas, entre outros.
Os jovens hiperconectados gostam de ação! Eles planejam toda a viagem para ser uma grande aventura. Essas experiência são, geralmente, mais curtas e intensas.
Por isso, o tempo de estadia é menor, acompanhando o calendário de feriados prolongados. Nessas férias inesperadas, as viagens são planejadas de última hora.
A World Expeditions, por exemplo, é uma operadora turística com foco em aventuras sustentáveis e socialmente responsáveis. A empresa disponibiliza em seu site as “viagens de última hora”, nos quais o viajante escolhe o pacote de acordo com a atividade e nível de dificuldade pretendidos.
A duração das viagens é, geralmente, menor que uma semana. Além do tempo e tipo de viagens procuradas pela Geração Z, a preferência por hospedagens econômicas, como hostels, pousadas e albergues, é grande.
Porém, não confunda essa escolha como low-budget dos viajantes. Como já dito, os jovens querem aventuras, então o orçamento é alocado para essas atividades.
Geração Y e sua relação com viagens
Os Millennials são os viajantes que nasceram entre a década de 80 e final dos anos 90, também conhecidos como Geração Y. De acordo com estudo do Google Brasil, esse grupo pode ser dividido, assim como a Geração X, em dois subgrupos: os young millennials (entre 18 a 24 anos) e os old millennials (entre 25 a 34 anos).
Não é à toa que fica difícil caracterizar a Geração Y. Dentro do próprio grupo, as diferenças entre jovens e adultos pode ser gritante.
Na reportagem do site EXAME sobre diferenças entre os dois tipos de Millennials, é dito que as particularidades dentro desse grupo são até maiores que as diferenças entre gerações.
Faz sentido, já que os Millennials estão inseridos no centro da transformação digital do século XXI, na transição entre o velho e o novo.
Então, o que os Millennials têm em comum que os une em uma mesmo grupo? Sejam jovens ou adultos, ambos são informatizados. A Geração Y cresceu com a internet.
A diferença está no desenvolvimento contínuo da tecnologia (lembra da primeira versão do Internet Explorer?) e dos dispositivos de acesso, como a passagem dos computadores para celulares.
Perfil do viajante Millennial: como atrair esse público
Os Millennials nunca param: são estudantes, estagiários e voluntários. Investem sua energia em projetos pessoais e também são pequenos empreendedores. Moram sozinhos e são independentes.
Levam vidas agitadas, então priorizam roteiros mais relaxantes, como praias e spas. Além disso, gostam de se envolver com outras culturas. Enquanto que a Geração Z quer vivenciar os extremos do mundo, os Millennials estão interessados na experiência local.
Por isso, a escolha por hospedagem é direcionada a hotéis menos tradicionais. Enquanto que alguns hotéis temem perder reservas para o Airbnb, o Honduras Maya se inspirou na plataforma e lançou o projeto “HOTELBNB”.
Os apartamentos foram todas transformados em quartos ao estilo Airbnb, ou seja, mais despojados. No exemplo abaixo, o quarto à esquerda é de um hotel e o da direita de um apartamento Airbnb.
O Hotel Honduras Maya também criou perfis de anfitriões para cada um de seus funcionários, inspirados pelos hosts. Então, abriram as portas para os viajantes.
A iniciativa colocou o hotel, junto com a Ogilvy Honduras, na lista de finalistas do Festival de Criatividade de Cannes 2019.
Os viajantes com maior poder econômico
A Geração X, os pais dos Millennials, passam suas férias em cidades históricas, tem preferência por experiências gastronômicas e querem relaxar com um bom vinho.
Esses viajantes são, na sua maioria, pessoas mais tradicionais. Possuem empregos estáveis, poupança e renda fixa. No geral, seu poder aquisitivo é bem maior que o das gerações mais jovens.
Pois bem, eles tem o que é preciso para viagens mais caras. Além disso, representam boa parte das viagens a negócio, então conhecer bem esse viajante é importante para hotéis corporativos.
O perfil do viajante está cada vez mais difícil de categorizar
Gradativamente, os perfis dos viajantes estão se mesclando e diferenciá-los torna-se cada vez mais difícil. Por exemplo, contra o que muitos pensam, o número de reservas entre viajantes com +60 anos no Airbnb cresceu em 66% de 2017 para 2018!
Apesar de todas as contradições no perfil do viajante, algumas tendências são universais entre as gerações. Uma delas é a troca gradual de produtos por serviços/experiências, o que afeta todo o setor hoteleiro, desde a oferta de amenidades até os programas de fidelidade.
A dica é reconhecer que o perfil do viajante vai estar sempre mudando, independente de sua idade.